Que miserável homem que sou que me tornei, 
mendigo o pão que antes sobrava e que era meu.
No desapontamento a esperança nasce, 
e vivo o presente independentemente do que passou.


Pois se tudo mudou e em Cristo eu sou mais do que sou,
pra trás eu deixo o homem que fui e 
as casas que eu construí longe de ti.
Se tudo mudou eu abro as velas da embarcação, 
na esperança que pela manhã
avistarei o porto onde te encontrarei.


Como um refugiado deixando seu país,
 fugindo pela noite sem conseguir dormir,
confiando na promessa que o pranto toma a noite,
 mas logo vem o dia, e gritos de alegria ecoarão!


Se a chuva me alcançar e o barco revirar 
que eu acorde em terra firme lá.

Esperança, André e Tiago Arrais

O fôlego

Eu preciso crer que estes olhos hoje cegos
um dia verão o sol da manhã.
Preciso entender que nada poderá desfazer
o que os pregos e a madeira um dia tiveram de abraçar.


Eu deveria parar.
Eu deveria parar de me distrair.
Parar de me confundir.
Eu deveria parar.
Parar, e então continuar.


Continuar olhando, mesmo sem entender,
para o que parece injustiça comigo aqui e ele lá.
Quem sabe agora eu só deveria parar de tentar.
Mas acreditar. Olhar. Admirar.


Pra que eu pudesse respirar...
Pra que eu pudesse respirar...


Recentemente estive refletindo sobre o assunto ateísmo e religião e eu diria que posso resumir toda a reflexão na seguinte frase: Às vezes eu concordo em muito com o ateu, mas no centro de tudo, na raiz do pensamento, eu discordo totalmente.


Antes de aceitar o perdão de Jesus Cristo e crer em seu evangelho, o que não aconteceu há tanto tempo, eu possuía uma visão demasiadamente pré-conceituada do ateísmo. Para mim, não crer em Deus soava tão imoral quanto matar alguém. Depois de uma pitada de curiosidade e uma dose de bom senso passei a pensar de outra forma: crer no evangelho e na vida eterna me aproximam mais do pensamento ateísta do que eu imaginava e, paradoxal ou não, me afastam de forma gritante.


A análise de que nossa história é conseqüência de ações humanas e não divinas é, ao meu ver, totalmente plausível. Tomemos em específico a história da Igreja de Cristo. Jesus deixou a Igreja para que ela fosse o Seu corpo, a Sua expressão aqui. Essa expressão só seria fiel àquilo que Deus é caso não houvesse a autenticidade humana, em outras palavras, a história da Igreja é um filme em que, submetidos ou não à vontade do Diretor, ainda somos os atores.


Como disse, em alguns aspectos sou levado a me assemelhar ao pensamento ateísta no que diz respeito a não intervenção divina em todas as coisas. Contudo, discordo taxativamente da raiz do pensamento. O livre-arbítrio que me foi dado para, se precisar, transformar em caos a natureza precisamente organizada e bem elaborada à minha volta não excluem a existência de um Deus que os tenha criado. Penso que o maior erro do ateu está em se limitar aos resultados que, de forma geral, o livre-arbítrio humano produziu até hoje.


Deus está em todas as coisas. Seu fiel respeito ao nosso livre-arbítrio denuncia amor e não impotência. Ele se expressa, age e nada acontece senão debaixo de Seu governo. A história do relacionamento do homem com Deus está ligada à escolha que Deus fez em permitir que nós façamos nossas escolhas. Não O culpe por tudo.

Jesus escolheu se submeter à vontade de Seu diretor ao usar Seu livre-arbítrio de forma plena. E você, qual é o seu filme? 


"Desejar amplia nosso ego para o futuro; a esperança deseja aquilo que Deus irá fazer e ainda não sabemos o que é isso. [...] Desejar tem a ver com o que (eu) quero nas coisas, nas pessoas ou em Deus; a esperança tem a ver com o que Deus quer em mim, no mundo das coisas e nas pessoas além de mim. [...] Esperança significa ser surpreendido, porque não sabemos o que é melhor para nós ou como nossas vidas serão completadas. Cultivar esperança é suprimir o desejo, recusar a fantasia quanto ao que queremos, e viver na antecipação do próximo movimento de Deus. [...] uma pessoa com esperança está viva para Deus. A esperança é poderosa. É estimulante. Ela nos mantém andando na ponta dos pés, esperando pelo inesperado"


Eugene Peterson